3 Motivos para Agricultura e Logística se amarem

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Carregamento de açúcar ensacado em porão de navio

Hoje vou utilizar o espaço do post para esclarecer de uma vez por todas algumas questões envolvendo minha formação e minha profissão: quase que na totalidade das vezes que falo que me formei em Engenharia Agrícola e trabalho com logística ouço:

                – Mas logística? Não tem nada a ver com sua área, não é?

Nada a ver com sua área…. NADA A VER COM A SUA ÁREA?! Mas só pode ser brincadeira! Afinal, o que as pessoas acham que é logística? E como acham que o alimento vai parar na geladeira delas? Ou como a matéria-prima de combustíveis, cosméticos e remédios vai parar nas plantas das fábricas?

Eu resumiria “logística”, para estes fins, como atividades de transporte e armazenagem de produtos (seja matéria prima ou produto acabado) desde a concepção deste até o consumidor final. Cabe ainda incluir o fluxo de informação e fiscal, planejamento, controle, compras, etc.. O que isso tem a ver com agricultura? Vejamos.

Planejamento

O produto agrícola exige que todas as etapas da cadeia produtiva respeitem suas necessidades fisiológicas: umidade, temperatura e área de cultivo não são escolhidos ao bel prazer do cliente ou produtor. O plantio, manejo e colheita são programados conforme o estágio de maturação do produto e clima (um clima seco atrapalha o desenvolvimento de algumas culturas, mas favorece a colheita), e o trajeto dos implementos agrícolas deve ser desenhado de forma a otimizar tempo e consumo de combustível. O escoamento deve ser planejado para atender prazos de embarque em navios e não concorrer com o frete de outros produtos.

Transporte

Como falamos de um produto vivo, as condições de transporte devem (ou deveriam) proporcionar uma conservação mecânica e biológica do produto – refrigeração e ventilação adequados, ausência de arestas, pontas e superfícies abrasivas, vedação para evitar perda de material no trajeto, entre outros.

Modais de transporte

Os produtos agrícolas podem ser transportados a granel ou em volumes fracionados (sacas, big bags, container) e por todos os modais – rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo (flores produzidas na Colômbia, Holanda e Brasil são levadas de avião para todo o mundo!). O modal é escolhido conforme o transit time, volume a transportar e tamanho dos lotes comprados, bem como a vida útil do produto e exigências de clientes.

Armazenagem

Fora o objetivo mais óbvio de acondicionar o produto e manter suas características ótimas para consumo, a armazenagem serve de buffer – ou seja, tem o objetivo de absorver a imprevisibilidade do transporte e demanda. Além disso, como boa parte dos produtos agrícolas tem preço estipulado em Bolsa de Valores, os preços atuais e futuros determinam se o produto será vendido imediatamente ou armazenado.

Seria possível delongar a discussão por mais algumas linhas. Cada um dos aspectos citados tem uma série de particularidades para cada produto, país produtor, mercado final e época de comercialização. Por serem de baixo valor agregado, as commodities agrícolas requerem uma redução agressiva nos custos de transporte e armazenagem, bem como a redução dos prazos e volumes armazenados. ISSO É LOGÍSTICA PURA!

 

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