5G na agricultura: vai acontecer mesmo?

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Vai, mas só se for escolhida a frequência certa.

 

Dois mil e dezessete foi o ano que presenciamos uma maciça expansão das redes 4G no Brasil, com 90% da população coberta por LTE. Enquanto os técnicos criavam esta infraestrutura, os engenheiros e homens de negócios voltavam a atenção para o próximo passo, o 5G. Como os olhos do Inteliagro estão voltados para o campo, vem a pergunta: O que devemos esperar do 5G na agricultura?

Resposta: Nos próximos 5 anos, nada. Explico: o 5G é um padrão que ainda está sendo desenvolvido, com equipamentos ainda na fase de projeto e alguns testes sendo realizados pelos grandes fabricantes. O principal foco do novo padrão não é na quantidade de dados que ele será capaz de transportar (apesar de que é esperado um aumento significativo no taxa de transferência), mas sim na no elevado número de dispositivos que ele poderá conectar por antena. É isso que fará o 5G ser o padrão de conectividade da internet das coisas (IoT).

Para ser capaz de suportar todos estes equipamentos e a enorme quantidade de tráfego que eles irão representar, o novo padrão necessitará de enormes faixas do espectro de radiofrequência. O problema é que as bandas mais utilizadas hoje, que vão de 100 Hz até 6 GHz já estão saturadas , forçando a adoção em frequências acima dos 6 GHz, nas chamadas ondas milimétricas. Para a agricultura isso não é bom: estas ondas são facilmente atenuadas por relevo, vegetação, construções e chuva, impedindo que uma única torre atenda uma enorme área geográfica, como ocorre hoje no espectro de 700 à 900 megahertz.

A não ser que o 5G na área rural venha a ser implantado em bandas inferiores a 1 GHz, a fim de aproveitar suas vantagens tecnológicas de hardware e novos esquemas de modulação, é pouco provável que ele venha a ter impacto na agricultura, afinal ele está sendo desenhado para desempenhar melhor em ambiente urbano. Segundo um estudo da Ericsson, em 2022 apenas 10% dos dispositivos móveis estarão na rede 5G e a esmagadora maioria nas cidades.

Enquanto a tecnologia não se consolidar, o campo continuará a utilizar soluções 3G e 4G  potencializadas por frequências que antes pertenciam à TV analógica e de espectro licenciado privado, principalmente pelo fato delas serem capazes de cobrir enormes áreas com pouco investimento em estações radio base. Até lá é fundamental que a indústria do 5G some esforços com as empresas vetores da Fazenda 4.0 a fim encontrar soluções que atendam o agronegócio plenamente.

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